
"Este o nosso destino: amor sem conta,distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,doação ilimitada a uma completa ingratidão,e na concha vazia do amor à procura medrosa,paciente, de mais e mais amor.Amar a nossa falta mesma de amor,e na secura nossa, amar a água implícita,e o beijo tácito, e a sede infinita."
(Carlos Drummond de Andrade)
Pensava nas gostas que caiam nas poças enquanto corríamos. Nunca tive chuva melhor. Pensava em tanto e em tão pouco, nas Pessoas que passaram por mim, nas letras em minhas costas, nas rosas ocultas e naquelas que crescem aos olhos do povo.
Talvez haja alguns desejos submersos, vingança não é um deles. Eu não consigo trabalhar com troco. Dizem que as loiras são burras, mas eu nem consigo contar.
Contar pra alguém? Falava dos números, daqueles livrinhos de tabuada horrorosos que me obrigaram a decorar, mas enfim, também não consigo derramar nas pessoas minhas vivências, meus dias, meus gatinhos. Como eles vêm, como vão? Não importa a ninguém além de mim e pronto. Além disso, imagine só, ninguém acreditaria no que sinto neste momento, ninguém a não ser Alexandre (que agora têm mais problemas que eu) compreenderia. Me fortifico dentre quedas, testo meu equilíbrio e principalmente cresço. Aliás, por falar nisso, espero um dia passar dos 1 metro e 57 centímetros de paz. Talvez até quisesse experimentar enlouquecer, assim de verde e amarelo: surtar.
Oque será que a vida me reserva por rir quando deveria chorar? Fico pensando sem sono: "Caralho, quero ser feliz ou ter razão?!"